quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A Doçura


Hoje dei por mim mesma a pronunciar uma expressão que já não lembrava à muito,

"Como roubar um doce a uma criança..."

Um doce a uma criança. Porque doces? Lembrei-me do mais novo da casa. Se lhe derem um é capaz de fazer birra se insistirem muito para que o coma. Já eu chorava, sim, mas quando não mos davam. Hoje mesmo, quase fiz birra porque me faltaram 10 centimos para comprar o mimo do estômago... Mas a a minha mãe sempre disse que eu era um docinho.

Porque dão os adultos doces às crianças?
A criança pode nem reparar na loja de doces, mas o suposto adulto pergunta sempre,

Filhote
ou
Netinho
ou
Fofinho
ou
Amorzinho
ou
Meu Anjinho
ou
Simplesmente o nome,
(geralmente jogado no diminutivo, como se quisessem que, para além dos comer, a criança ouvisse doçura.)
Queres um bombom?

Cheguei à conclusão que os tão fortes, impenetráveis, mas indiscutivelmente pessoas, verdadeiros adultos do nosso mundo, têm medo. Mas medo de quê?

Medo que a doçura se esvaneça, como uma espécie em vias de extinção que precisa de ser protegida. Qualidade que só nasce em terras férteis de pureza inocência e bondade, numa só estação da vida.

Cheguei então, e mais uma vez, a uma conclusão, conclusão certamente erradamente concluida, mas ainda assim, uma conclusão

"Dão doces às crianças na esperança que elas não percam essa qualidade, tão rara, que todos acabamos por deitar fora sem saber: a Doçura. "

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Hoje continuo sem Existir

"Então que fizeste hoje?"
Banalmente respondi,
"Nada de jeito."

Depois pensei. Como sou ingrata. De todas as vozes oprimidas, que não se podem ouvir, que são proibidas de sofrer, impedidas de pedir socorro, das que são torturadas até que se sumem...E as que podem falar... Nada de jeito.
Pensando assim, reformulei a resposta. Com um sorriso na cara respondi,
"Vivi."

E as vozes oprimidas, vozes mutiladas pela violação dos seus direitos, vozes que ao longo dos tempos se transformam em sussurro? Cordas vocais esquartejadas por todos os dias a que respondem,
"Hoje? Hoje continuo sem existir."

Agora pergunto eu,
"Que fizeste hoje?"

domingo, 28 de outubro de 2007

Carmen


Todos a comentavam, calados. O balanço da sua força e harmonia, compassados pelo ritmo brusco, alto, que a guiava. A imponência dos seus gestos, a altivez da sua alma, o gozo, quase desprezo nos seus olhos, a sedução dos contornos do seu corpo, naquela dança desenfreada, repetitiva, louca, que funcionava como feitiço para a essência masculina. Mesmo as senhoras, as damas que a reprovavam, repugnadas diziam, sentiam relutância em desviar o olhar.

A fuga corrida das cordas da guitarra, a voz sofrida que a acompanhada, embalavam-na, tornando-a prisioneira da personagem que representava.

As mãos ganhavam vida própria, as castanholas não era ela que as tocava, os pés que batiam no chão com uma força surpreendente, a saia que puxava e rodava com desenvoltura e que os olhos mais atrevidos procuravam transpor. Os cabelos negros molhados de suor, a roupa de suor se lhe colava, numa beleza perversa que nem os mais timidos conceguiam evitar. Os olhos sombrios que, uma a uma, regeitavam, humilhavam as vozes masculas sumidas. Vozes que pontapeava com o olhar, tornando-a proibida, intocável. Às superiores senhoras, um relance e riso discreto, de gozo e superioridade.

"É a mulher do diabo" comentavam, sempre caldas, umas com as outras, não fosse o próprio ouvir.
"É bruxa. Que arda nas chamas do Inferno!" e benziam-se de mão fechada.

E ela gargalhava de lábios cerrados, que arder já ela ardia, rodopiando cada vez mais rápido, a guitarra que fugia mais e mais tentando acompanhá-la, a voz que padecia de um quase tormento e ela embalada, alucinadada, embalando e hipnotizando as suas presas, para as garras do diabo, naquele ritual incessável e macabro que era ela.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Quero

"De momento quero tudo. Mas não quero sentir nada."

"As the stars are going out
And this stage is full of nothing
And the friends have all but gone
For my life my god I'm singing

We'll take our hearts out side
Leave our lives behind
I'll watch the stars go out..." - Lacuna Coil, Stars.

(Hoje, em que este blog faz 3 meses)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Como palha num palheiro


Qualquer coisa me aflige, acordei assim, afligida, nervosa, perdida, desprovida de sentido.

Penso em coisas sem sentido, mas em contra partida com demasiado significado.

...

Perguntas-me

"Porquê?"

E, como te respondi

"Porque li coisas que não devia e ás tantas já chorava sem motivo."

Antigas maluquices ( ;] )que me faziam imaginar como seria se esse bocadinho de mim se aplicasse a nós.
...
A verdade é que perdi muita coisa. Deixei perder, deixei-me perder.

Sinto-me perdida. Não como uma agulha num palheiro, mas como palha num palheiro, amarela, quebradiça, sem utilidade aparente. Não sou uma, sou imensa, sou tanto, sou palha, imensa palha, sou igual a tanta coisa, e mesmo assim sem saber de mim. Todas as minhas palavras, os meus textos, quem não os pensou e escreveu antes: autêntica palha. As agulhas são tão dificeis de encontrar. Mas encontráveis; são diferentes, cinzentas, metálicas, para não dizer que ferem: mas destinguem-se. Palha é palha, é igual, diga-se semelhante; então, que palha é a palha certa?

Então digam-me: o que é mais fácil encontrar num palheiro, uma agulha ou palha?

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Cem tempo




Tempo para escrever! ... Malditos sejam os testes e os sofistas.


Sem Tempo. Sem tempo para sonhar, sem tempo para matar a fome ("Ensaio Sobre a Cegueira", uma pessoa a tentar ler um Nobel e põem-na a ler manuais que nem sequer as soluções tem corretas), sem tempo de ouvir os ponteiros do meu relógio fazerem "click"; sem tempo de escutar o silêncio, sem tempo de ficar a olhar o nada, sem tempo de respirar, sem tempo para limpar as lágrimas às amigas, sem tempo para que as minhas cheguem a cair. Sem tempo para ti, sem tempo para mim, sem tempo para ninguém.


Sem tempo.

... ... ...
Cem tempo.


Cem tempo para ver a vida morta, por entre marionetas de carne e osso, agora paradas das mãos de um Deus que não é mais que a nossa consciência. Cem tempo a cada segundo, ver, observar, reparar o momento em que uma gota de chuva cai na minha mão. Cem tempo para pisar uma folha seca da Primeira Queda: e ouvir cem tempos o seu estalar, o receoar de cem vezes, mas sem nenhuma vez na minha cabeça. Cem tempo para cegar da luz de um relâmpago, cem tempos nos meus olhos. Cem tempo para apreciar o Mundo, virtuoso e moribundo. Cem tempo para ver o sol nascer do olho esquerdo ao mesmo tempo que no olho direito se põe. Cem tempo para te ver sorrir, cem tempo par te ver chorar. Cem tempo para cantar sem que me calem com palavras que agora, sem tempo, não mas podem dizer.
Cem tempo para cair, voar, ser livre ser eu, cem tempos de glória, cem tempos de gozo, cem tempos de prazer, cem tempo de amor, cem tempo de loucura, sem tempo que me digam que não, cem tempo para gritar aos ventos que me levem, cem tempo de vida, cem tempos antes de... Chão.




E depois, quem sabe, um Sem tempo infinito.

domingo, 21 de outubro de 2007

Lua


"Cada célula do corpo humano contém cerca de 2 metros de DNA. Se todo o DNA de um indivíduo fosse distendido, poder-se-ia ir e vir à Lua cerca de 8000 vezes."


Venho apenas apontar uma pormenor interessante, já que o fim de semana não deu para grandes divagações, tendo sido passado a tentar, por entre lenços, comprimidos, febres, espirros e " Se me voltas a andar descalça nem sei que te faço!", meter na cabeça DNA (dupla-hélice 5'-3', replicação, tradução, transcrição), mRNA, tRNA, rRNA, Nucleótidos (complementariedade de bases), Aminoácidos, Mutações Génicas (seja por duplicação, delecção, inserção, substituição) Mutações Cromossómicas (Monossemias, Trissemias, Nulissemias), Cromatina, Cromosomas, Cromatídios, Fenótipos, Genótipos, Genes (alelos), Interfases (G1, S, G2), Fases Mitóticas (Mitose - Profase, Metafase, Anafase, Telofase - Citocinese), Diferenciação, Especialização, etc,etc,etc...(Devo ter ar de "wanna be" enciclopédico).

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Força


Vulnerabilidade, fraqueza, fragilidade, medo, raiva, tristeza. Quem não os sente?


Força não é esconder os sentimentos conciderados fracos... Isso é o medo de se admitir o que se sente, medo de pensar e acreditar que são fracos.

Força é senti-los, o medo, a vulnerabilidade, a fragilidade, a raiva, a tristeza, aceitar o que se sente e ainda não ter preconceitos em mostrá-los ao Mundo.

Fortes são aqueles que os mostram e admitem sentir.


Lembrei-me (ou, de certa forma, lembraram-me =] ) de postar isto... Talvez para me desculpar dos textos de lágrimas que acabo sempre por escrever. Quem sabe?


Eu não, que eu não sei de mim.


Foto: Excerto de mim.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Piano (Memórias que Magoavam em fase de Terapia)


Pernas cruzadas à chinês em cima da cama, a Camila (sim é estúpido, a minha guitarra tem um nome) nas mãos, tu ao meu lado.
Perguntas-me:
"Porque é que nunca mais tocaste piano?"
Automaticamente a minha expressão mudou, continuei a tocar, agora mais baixo, mas a minha voz calou-se para pensar como faço sempre com perguntas desse género, respondi:
"O piano magoa-me."
"Porquê? Tocas tão bem..."

Silêncio. Mais uma vez penso. Bem sei o porquê, só não sei como responder.
"Porque me lembro dos "concursos", das audições, da tentativa de entrar para o conservatório. É como o desenho e a filosofia. Perder o talento para aquilo que melhor sabia fazer custa."

Falei baixo. Não percebeste que disse e como não te respondi quando pediste para repetir, continuaste:
"Porque é que desistes?"
E outra vez silêncio

"As pessoas desistiram de mim primeiro. Os meus pais em casa, na academia, já não era eu que fechava as audições. A própria Gisela estava farta de mim. Eu estagnei simplesmente parei de aprender."
"Tu tocas tão bem "Túlipa"!"
" "Ele", sabes muito bem que este ano não dei uma para caixa."
"Porque não quiseste! Se fosses persistente não era assim, não podes desistir assim só porque os outros parecem não acreditar!"

Irrito-me. De que está ele a falar? Que sabe ele disto?
"Eu não desisti, quem disse que desisti? Só parei um bocado é normal, quando algo te magoa é difícil continuar, principalmente quando já ninguém acredita, mas eu não desisti, tu não sabes, não percebes!"

Largaste-me, já não me abraçavas. Deitei-me na cama, mas o silêncio era demasiado. Pensei demasiado, consecutivamente. Nos bons momentos em que me senti boa no que fazia... E em como ao decorrer do tempo fui decrescendo.

Levantei-me devagar com pés de veludo, qualquer barulho que perturbasse o silêncio perturbador que nos envolvia parecia-me letal. Passei o corredor, devagar procurando não estalar o chão de madeira. Parei à porta da sala. O meu piano. Avancei, acariciei o banco que rangeu como sempre, a convidar-me para sentar. Levantei a tampa: Braco, preto, branco, preto, branco, branco, preto, branco, preto, branco, preto, braco, e assim sucessivamente. Acariciei as teclas, toquei pianíssimo num Mi. Não concegui tocar mais, não com som. Peguei nas partituras, velhas, sem uso à tanto tempo... na realidade nunca lhes dei uso, porque sempre aprendi de ouvido.
Encostei a cabeça e fiquei assim, acariciando as teclas, entregando-me a pensamentos bons e maus, dando de beber ao piano com as minhas lágrimas.
E foi assim que deste comigo, no escuro encostada ao piano, a cara lavada em lágrimas.
Aproximaste-te devagar; ajoelhaste-te e agarraste a minha cintura.
"Desculpa. Desculpa, sou uma besta..."
Limpáste-me as lágrimas, o nariz. Pediste-me para tocar. Sentáste-te no banco do piano comigo ao teu colo e assim ficamos. O tempo necessário, para eu ganhar coragem e tocar. Toquei baixinho, notas sem sentido, uma escala aqui um Sol fora de sítio, mas quando parava pedias-me para continuar. E eu continuava. Sempre até teres de ir e me fazeres prometer que acabava a música que contigo acabei por descobrir.
Ficas-te feliz quando fechei a tampa e beijei o meu piano. Chamaste-lhe reconciliação.

"Fazes-me tão bem"
Disse-te. Porque o sentimento depois da nossa tarde foi de serenidade, tão o oposto do que sentí inicialmente.
És tão mais que aquilo que julgas.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

"Nós"



"É tão estranho. Mas a diferença reside apenas no contraste entre o que eu imaginava que seria e no que agora posso apenas relembrar."
Foi o que me disseste. Gostei.
Mas acredita. Mais estranho é o contraste, do agora e do momento. Do físico e psicológico, da dor e do amor (do querer). Do estar contigo e no minuto seguinte olhar pela janela e ver-te ir, até desapareceres na esquina. Da distância dos nossos corpos e do nó tão forte das nossas almas.

Da certeza de que te amo, mas do medo, medo que me deixes, medo de te deixar, de nos desfazermos desse nó.... que dizemos inquebrável. É um nó que não se desata... Mas e cortar, desfiar, rasgar esse tal nó? Assassinar as tais almas, transformar meses de amor em violações.

Contraste do que os dias mais memoráveis me fazem pensar, em morte, apesar da felicidade estampada nos olhos, mas do desassossego da alma.

Porque antes dos nós não há nada que possa ser cortado, rasgado, morto, não de tal ordem que mate tais almas.
Como o medo. Tantas vezes o medo. É mesquinho. Umas vezes é tomados pelo medo que apertamos o nó, que tomamos decisões de acordo com o que queremos.
Manterei o medo, não O medo, um medo bom de te perder, que me lembra que te amo. Guardá-lo-ei para mim, para me ajudar a manter-te perto, de tal forma que possa sentir sempre o teu bafo quente no meu pescoço, as tuas mãos quentes na minha pele fria, de tal forma que possa ouvir a tua respiração nos meus ouvidos, um amo-te a cada movimento, a cada inspirar teu. Quero-te quente e forte comigo, em mim, em mim!
...Mas quantas vezes o medo não é obcessivo?
Mas não, não o nosso nó. O medo de te matar compensa, equilibra. Então puxas com força de um lado, eu o outro, e quando nos sentirmos confortávelmente entrelaçados um no outro paramos.
Mas e se o meu medo fosse fobia?
Tanto que sufocaria o nó, que poderia sofucar a tua respiração amor e eu poderia, aos poucos, ouvir a tua procura desesperada de ar, tanto que poderia querer-te tão junto que os teus ossos rasgariam a minha pele, tanto que o teu bafo desapareceria aos poucos, substituido pelo sopro da morte, pela minha locura desmedida de não te deixar. Mas não amor, não te matarei. Des que não me mates. Porque sei que se morresse cairias comigo.
...Mas quantas vezes o medo não foi já assassíno?
Foto: sem tempo e ideias para novas fotos.. mais uma vez a pesquiza no google.

domingo, 14 de outubro de 2007

Mundo?



"Qual a saída do Mundo? Onde está a saída do Mundo?"


Mas a pergunta não é essa.


A Questão é:

"Onde é a entrada?"



.oirártnoc oa átse odnuM O
Foto: Isto da pesquisa no google é qualquer coisa de extraordinário =]

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Memórias De um Sonho


Foto: Foi tirada por mim, mas não sou eu. São só os olhos com que sonhei e mereciam estar representados.
" De todo os segredos,
dos livros que li, das lágrimas que partilhámos,
eu só não percebi
que os teus olhos são os maiores mistérios a ser desvendados."


Foram as ultimas palavras que me ouvi dizer a mim mesma antes de acordar. Isto ás 4:30 da manhã, acordada de um sonho em que te olhava e previa um adeus, um adeus maior do que podiamos aguentar. Olhámo-nos, beijámo-nos num misto dos usuais "dois beijinhos" e beijo de namorado. (Um beijo provávelmente para muito mais que amigos, talvez mais que namorados, que ao contrário do que os idosos que passavam, olhavam e comentavam

"Voces estão muito juntinhas"

por nos verem tão chegadas no banco de jardim ou caminhando lado a lado de mão dada como duas namoradas. Eramos, somos, num canto cheio de recordações das infelizes paredes que a alma tem, muito mais que isso. Somos companheiras de toda a vida, velhas agueirentas já no fim da sua, meninas sonhadoras que ainda não sabiam o significado da palavra. Talvez ainda não a perceba, ou não te deixaria passar às vezes por mim sem me lembrar de tudo o que passamos, com ou sem assento. Como se nada tivesse acontecido, nunca tivéssemos jurado que seriamos nós para sempre, que sinceramnete não me recordo se juramos, mas lembrando as pirralhas aventureiras e inseparáveis que eramos, devemos ter, até mais do que uma vez assumido esse compromisso.)


Os teus olhos vergavam lágrimas e eu disse-to sussurante, tu a chorar como numa despedida.

Para a minha Cabeça de Vento. Amo-te, diferente de um namorado, mais que de um amigo, juntando o de irmã siamesa porque ambas sentimos que algo nos falta quando estamos afastadas. Porque para mim, és muitas coisas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Boas Memórias de 8 Meses




A palavra a dizer é amo-te. Quero-te.

Sei que nem te dei, ou tive os preparos que queria para este dia... Então esta será uma mini prenda para ti.


Porque me disses-te hoje, nestes oito meses feitos dia 8:




"Quero-te todos os dias da minha vida;


Quero-te para jantarmos juntos;


Quero-te em todos os bons momentos;


Quero-te um dia, comigo no altar;


Quero-nos embrulhados numa manta a beber chocolate quente a ouvir a chuva cair;


Quero-nos no Natal com uma árvore e netinhos;

Quero-te para estares comigo quando eu morrer;


Quero-me para estar contigo quando tu morreres."




E eu... eu. Eu só te quero agradecer por me quereres tanto.

domingo, 7 de outubro de 2007

Romãs Que o Meu Pai Me Deu




Pequena e redondinha
De coroa de rainha,
A pele já corada
Que ilustra a madura idade

Quem diria, quem diria
Que da vida amargurada,
Dos ventos das águas
E outras tamanhas máguas
Se encontra por dentro
Depois da pele enrugada,
Tão pequenas sementes de cor escarlate
O tão grande coração de rainha
O sabor sempre doce desta romã minha.

Minha do momento
A que o meu pai deu seu alento,


Foi rainha a Romã minha
Que o meu pai colheu para mim.




Escrito por mim, hoje enquanto esperava que o transito parado começasse a andar.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Mais Menórias para a Entrada


Porque os factos que correram até hoje devem ser mensionados.
Quando fomos irresponsáveis e o que isso implicou... o que isso trouxe... Porque um limite tão simples de cumprir como chegar a horas não fomos capazes de respeitar. O que isso trouxe!
Mais uma vez aquela falta incontrolável de memórias, que agem como quando não temos alimento no estômago mas mesmo assim continua a corroer e desfazer. Como ácidos gástricos, cardíacos do coração. Como se os meus capilares linfáticos fizessem greve e então vou ficando envenenada aos poucos e o coração, sem sangue, sem memórias para oxigenar, vai-se esquecendo do seu uso.

Quase me esqueci. Durante estas semanas em que andei sonâmbula, quase me faltou o sentimento de ser amada, especial. Não "me" acreditava, que fosse o que sou para ti.


Até Ontem.

Nunca me esqueci de te amar. Mas ontem, nas escadas de madeira, no escuro da entrada do meu prédio, quando me emprestaste o casaco que tinhas trazido só para mim e me abraçaste com força, relembráste-me, acordáste-me para o que eu sou e significo para ti.

E mesmo pelo que me fazia querer adormecer, a falta de ti, de todos os abraços que não tinhamos força para dar, dos lábios que sussuravam e pediam por sede de beijos, o corpo que socumbia mutilado sem o teu, das festas, das carícias, do prazer que ambos temos quando somos mais carnais mas tão mais profundos.
Sentia falta de poder bincar com a tua covinha, nariz, lábios, pele elástica. Do teu sorriso cheio, mas, em vez disso... Sempre os teus olhos vazios.
É que ontem, sem me tocares, para além do abraço que não largamos até teres de ir, fizeste-me sentir, saber como era ser amada, especial, tudo aquilo que eu sou apenas porque me amas e vês assim.

Como daqui à saída do mundo, a passos de Caracol

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Ausência

Sim, é verdade estive ausente. Andava cansada, precisava de férias.
Mas voltei, com o começo das aulas de toda a asafama, só hoje me senti apta para escrever, se bem que não escrevo de nada em especial. Apenas anuncio o meu regresso... Regresso a nada, por assim dizer, porque... na realidade não me esforço mesmo muito, pois... Quem lê isto na realidade?

Ninguém. Então ás vezes quanto mais escrevo mais sozinha/doida me sinto. Por escrever para o nada.

Mas para quem se der ao trabalho de ler, vou tentar escrever de maneira relativamente assidua =].

Obrigada a esses seres que desconheço x].