Hoje dei por mim mesma a pronunciar uma expressão que já não lembrava à muito,
"Como roubar um doce a uma criança..."
Um doce a uma criança. Porque doces? Lembrei-me do mais novo da casa. Se lhe derem um é capaz de fazer birra se insistirem muito para que o coma. Já eu chorava, sim, mas quando não mos davam. Hoje mesmo, quase fiz birra porque me faltaram 10 centimos para comprar o mimo do estômago... Mas a a minha mãe sempre disse que eu era um docinho.
Porque dão os adultos doces às crianças?
A criança pode nem reparar na loja de doces, mas o suposto adulto pergunta sempre,
Filhote
ou
Netinho
ou
Fofinho
ou
Amorzinho
ou
Meu Anjinho
ou
Simplesmente o nome,
(geralmente jogado no diminutivo, como se quisessem que, para além dos comer, a criança ouvisse doçura.)
(geralmente jogado no diminutivo, como se quisessem que, para além dos comer, a criança ouvisse doçura.)
Queres um bombom?
Cheguei à conclusão que os tão fortes, impenetráveis, mas indiscutivelmente pessoas, verdadeiros adultos do nosso mundo, têm medo. Mas medo de quê?
Medo que a doçura se esvaneça, como uma espécie em vias de extinção que precisa de ser protegida. Qualidade que só nasce em terras férteis de pureza inocência e bondade, numa só estação da vida.
Cheguei então, e mais uma vez, a uma conclusão, conclusão certamente erradamente concluida, mas ainda assim, uma conclusão
"Dão doces às crianças na esperança que elas não percam essa qualidade, tão rara, que todos acabamos por deitar fora sem saber: a Doçura. "