A brisa soprava manso, da janela esquecida, aberta. Amansava os cabelos e os sonhos de uma pequena alma adormecida. O chão empoeirado das memórias jogadas por terra, a brancura dos tecidos por uma inocência forçada pelo esquecimento. A paz de uma entediante quietude.
Algo se moveu no ar e o vento soprou mais forte; alguém ou algo superior decidiu, por fim, dar continuidade ao destino.
As memórias foram levantadas no movimento brusco, suspensas, agitadas no ar. Os cabelos claros agora revoltos e selvagens, os panos brancos sujos da terra trazida pelo vento.
A janela fecha-se num repente. O vidro parte-se, por fim.
A caixa cai. Tombada, ferida, a pequena bailarina branca rodopia mais uma vez. E, lentamente, primeiro baixinho e aos soluços, a música volta a tocar, agora clara e decidida.
12 comentários:
um melhor recomeço?
Foi uma boa revolta...
Muitas vezes é necessário deixar para trás, para recomeçar.
Bjs e gostei mto.
Muitas xs é preciso quebrar para que haja claridade e decisão. :)
Quanto ao meu post.. A essência de textos assim começou no Inverno e prolonga-se até à Primavera (e por mt + tempo, espero eu!). xD
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Às vezes é preciso quebrar a "caixa" para libertar o que nela se encontra aprisionado...
Fazia um bom tempo que não passava por aqui.. Mas pelo que pude ler continuas com a mesma inspiração.. Ótimo texto para brindar o final de semana.. ^^
"para recomeçar você não precisar de uma borracha.. ninguém pode escrever algo novo senão lembrar daquilo que já foi escrito outrora.."
BjO.. =)
A letargia silenciosa dando lugar a uma mudança que, podendo não ser a almejada, é a negação da "entediante quietude"...
Cai-se, para que nos possamos reerguer... :-)
Desejo-te um magnífico fim-de-semana!
Um beijo e um enormeeeee sorriso... :-)
É possível sentir o cheiro dessa terra, tão delicada beleza desta descrição.
Beijos e excelente fim de semana!
A menina desaparece por muito tempo, mas depois reaparece assim! =D Like it very much*****
Após as nossas quedas, ganhamos uma nova percepção da música que nos envolve...
As notas são as mesmas, assim como as tonalidades. Mas nós não. Somos, depois das quedas, mais fortes.
E assim se recuperam as forças e a vontade para recomeçar! Bjinhos
Olá Tulipa, muito lindo teu poema. Muito bom mesmo. E a bailarina em mesuras agradece.
beijo
João Costa Filho
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