Dormitava sonolentamente no poleiro que lhe era reservado. Entre os sons desconhecidos que podem surgir nos sonhos de uma ave, eram entrecortados por longos suspiros, palavras doces que não lhe diziam nada e o ranger daquela velha cama de rede. Das vezes em que abrira os olhos observara o cão que dormia no tapete. Descobrira a fonte de ruídos num movimento calmo e intenso, entrelaçados um no outro, como se fossem um, como já mal se lembrava que acontecia, antes da ida. Nunca entendera como aqueles seres se transformavam de um momento para o outro num só, os corpos colados pelo suor, para depois se porem em gemidos baixos, trocando saliva e olhares, sob as estrelas.
Observou-os por momentos, com os seus olhos redondos e inexpressivos enquanto o estranho rito continuava. Observou-os abrandar e voltar a ser novamente dois enquanto adormeciam.
Na sua espécie, apenas se juntavam com o propósito de dar continuidade à natureza e prontamente se separavam, só se voltando a repetir o acontecimento um ano mais tarde. Contudo, a estes seres via-os nestes propósitos regularmente quando estavam juntos, sem que no entanto tivessem concebido.
Decidiu-os aborrecidos. Escondeu a cabeça entre as penas das asas e dormiu.
17 comentários:
Estou em crer que certas aves, especialmente as da ordem dos psitacídeos revelam algumas capacidades que se podem considerar produto de uma inteligência, que embora insipiente, não deixa de ser espantosa. Não me espantaria nada que, na mente desta, raciocínios que exigem alguma abstracção comparativa estivessem de facto a ter lugar... :-)
Gostei muito do texto, mas também não é novidade que costumo gostar de tudo o que escreves... :-)
Desejo-te uma excelente tarde!
Um beijo... :-)
(http://omeuentendimento.blogs.sapo.pt)
Olá Tulipa, um ritual mesmo surpreendente, esse de acasalamento humano. Nada na natureza se compara.Mas que inenarrável, sim senhora. e num sei se coisa bonita de se ver, but de praticar, minha noooosa. O amor, o encontro entre duas pessoas que se amam, está além de qualquer explicação ou exegese...
Gostei muito de teu texto.
beijos.
João Costa Filho
Gostei muito! Doce, calmo e suave. Não são precisas mais palavras.
Depois de ler os teus posts sobre os passaros, decidi pegar numa história que conheço e torna-la fábula.
Gostei da visão!
Adorei (;
Lindo =)
Keep it up ;)
Beijo enorme*
ainda bem que não somos aves...
;)
Deixei um presentinho de Natal para ti no meu blog*
Extraordinário este escrito. O teu modo de escrever é sereno. Gostei.
Obrigada pela visita no Sol.
Beijinhos
Gostei imenso. Beijo.
Quem és tu afinal?... uma Túlipa com memórias de ave?... ou uma
Marianinha-de-ventre-branco com coração de flor?
Uma ave que dorme indiferente a um acto que na sua espécie se cumpre apenas por instinto, mas que naquela espécie é movido por outras forças...
Um vislumbre interessante, um registo intruso de duas pessoas que não se entranha no momento mas derrama a vida delas em mera observação. Gostei.
Beijo.
seguirei atentamente ok? bj!
Esqueleto de asas, inertes na vontade de voltar...
Beijos
tulipa linda.. desculpa a minha ausencia, não ando lá muito bem. assim que puder volto em grande e volto a ser a pipoca divertida que todos me tem pedido para o voltar a ser. deixo-te um beijo grande com votos que tenhas um santo e feliz natal com muito amor e paz. mereces! boas entradas e diverte-te!
suave e lindo...
beijo vagabundo
Suave, beijo fantasma.
Para ti que me visitaste
Ao longo destes poucos meses
Ofereço-te uma prenda singela
Uma estrela de mil cores
Roubei-a ao firmamento
Deposito-a na tua mão
Para que neste Natal
Te ilumine o coração
Um Santo e Mágico Natal
Doce beijo
Enviar um comentário