Algo mudara no ar, lá fora. O vento corria forte, soprando as cortinas. O Sol punha-se ainda mais apressado naquela tarde de fim de Verão, dando lugar às primeiras estrelas da noite. O cão latia de focinho encostado à porta, cauda apontada. A pequena ave palreava de cabeça balançante empoleirada ao ombro de uma mulher. Também esta sentia algo: O seu corpo pequeno tremia sem frio, o cabelo escuro revoltava-se com o vento, os olhos âmbar enchiam-se de lágrimas inexplicavelmente, mente recusava-se a focar as letras das palavras que procurava assimilar. O coração lutava contra a caixa torácica. De repente levanta-se. Os olhos bem abertos fixados na porta, a força sumida das mãos claras, deixando cair as cartas que lia. Estas foram levadas pelo vento. Um segundo depois a porta abria-se.
A pequena ave exótica pousava noutro ombro.
Voltára.
8 comentários:
O vento esgrimia assobios contra a a janela entreaberta, prenunciando a desgraça. Os elementos pareciam conspirar e até o ocaso se apressava, para assistir ao drama que estava prestes a ocorrer...
Alguém que chegava, alguém que partia. A ave, essa, voltaria...
Gostei tanto do texto que não resisti a fazer uma espécie de síntese... Espero que não te tenhas importado com a ousadia...
Desejo-te uma óptima noite e uma semana maravilhosa!
Um beijo... :-)
(http://omeuentendimento.blogs.sapo.pt)
Delicioso! Como já é costume aqui neste cantinho. Obrigada.
Pegas nos leitores e faze-los viajar através da tua escrita. É bom sentirmo-nos embalados assim.
Beijinhos ;)
Não podia de deixar de concordar com a Rute. Os teus textos são simplesmente fantásticos. Beijinho
Aguardo por mais!!!
Passei para desejar-lhe um bom final de 2007 e um bom ano de 2008.
Aproveito para LHE pedir que participe na blogagem colectiva que se está a realizar hoje, dia 17, em prol da menina Flávia
http://flaviavivendoemcoma.blogspot.com/
Voltara... E vai ficar?
Beijo!
para quando o resto? :p
gostei muito
quando é tao bonito nao pode acabar assim:)
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