Monólogo de Emily
"Escuto-os, não os vejo, mas sei-os ao meu lado, não me tocam, não o corpo, mas tocam a alma. Sombras, sombras que pairam à minha volta, sussurram aos meus ouvidos, sussurros altos, sussuros baixos, sussurros graves e sussurros agudos, tantos e tão variados como os vivos, ou os mortos.
Eles voam sobre mim, rodopiam à minha volta, a toda a hora a todo o momento, minuto, segundo em sub-minutos e sub-segundos, em sub-tempos. Umas são simplesmente lamentos, lamurias, histórias mal acabadas, que dizem e repetem, e ouço e relembro, têm de ficar, não podem, têm de ficar, se bem que nem aqui nem ali, mas ao mesmo tempo têm de ficar; mas eles podiam ir coitados, podiam ir só não sabem, porque elas falam mas não vêem, nem escutam, mas vendo bem também podem ficar que das sombras não fico sozinha e mais vale destas que das outras. Outras, as outras. Não, as outras não, as outras não, das outras não quero ouvir, porque não se calam, porque não saem da minha cabeça, não são sussurros são gritos, são berros, são ordens, porque elas querem, mas eu digo que não, eu digo que não, mas elas não saem e berram mais, e mais e mais, um coro, um coro de mortos, não só de mortos e vozes mortas. Não, deixem-me, não. Não, não, não posso, não, não... NÃO, DEIXEM-ME, CALEM-SE, e elas continuam tanto, TANTO tempo, meses sempre a gritar sussurros, sentenças de morte aos meus ouvidos, mas são maus, eu sei, a minha mãe, eu sei que não se pode, disse-me, ela disse-me, não se pode e quando era pequena, eu lembro-me, eu sei, eu não estou maluca, ela ensinou-me, não podes brincar com facas, disse-me, posso-me magoar, não me quero magoar, não vou.
hhhhhhhrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr,hhhhhhhhhhhhHHHHHHHHHHHHRRRRRR.
"Escuto-os, não os vejo, mas sei-os ao meu lado, não me tocam, não o corpo, mas tocam a alma. Sombras, sombras que pairam à minha volta, sussurram aos meus ouvidos, sussurros altos, sussuros baixos, sussurros graves e sussurros agudos, tantos e tão variados como os vivos, ou os mortos.
Eles voam sobre mim, rodopiam à minha volta, a toda a hora a todo o momento, minuto, segundo em sub-minutos e sub-segundos, em sub-tempos. Umas são simplesmente lamentos, lamurias, histórias mal acabadas, que dizem e repetem, e ouço e relembro, têm de ficar, não podem, têm de ficar, se bem que nem aqui nem ali, mas ao mesmo tempo têm de ficar; mas eles podiam ir coitados, podiam ir só não sabem, porque elas falam mas não vêem, nem escutam, mas vendo bem também podem ficar que das sombras não fico sozinha e mais vale destas que das outras. Outras, as outras. Não, as outras não, as outras não, das outras não quero ouvir, porque não se calam, porque não saem da minha cabeça, não são sussurros são gritos, são berros, são ordens, porque elas querem, mas eu digo que não, eu digo que não, mas elas não saem e berram mais, e mais e mais, um coro, um coro de mortos, não só de mortos e vozes mortas. Não, deixem-me, não. Não, não, não posso, não, não... NÃO, DEIXEM-ME, CALEM-SE, e elas continuam tanto, TANTO tempo, meses sempre a gritar sussurros, sentenças de morte aos meus ouvidos, mas são maus, eu sei, a minha mãe, eu sei que não se pode, disse-me, ela disse-me, não se pode e quando era pequena, eu lembro-me, eu sei, eu não estou maluca, ela ensinou-me, não podes brincar com facas, disse-me, posso-me magoar, não me quero magoar, não vou.
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NÃO, SAI, DEIXA-ME, CALA-TE, CALA-TE, NÃO,não, não, não, não.... Não. Não, também não, eu tenho. tenho de me portar bem, não posso ela bate-me ela ... não não não não, não posso, não, cala-te, não quero não vou. Pára, cala-te Pára. NÃO. SAI, deixa-me em paz, em PAZ, EM PAZ!!!!! EMBORA!!!
VOZES MALDITAS, INVEJOSAS, ASSASSINAS!
Mãe, mãe, mãe, olha, vê, manda-as embora... manda-as ... Não mãe. EU sou, eu sou uma boa menina, eu sou, eu sou... Só não te vejo mãe, estás escondida? Mas eu encontro-te vais ver, vais ver. As outras não, as outras são...
Eu sei, eu sei o que são, a massacrar-me, pregando as suas palavras gritadas como pregos, que pregam na minha cabeça com as suas palavras que são... como um martelo, um martelo...
São as vozes, são as vozes dos mortos."
VOZES MALDITAS, INVEJOSAS, ASSASSINAS!
Mãe, mãe, mãe, olha, vê, manda-as embora... manda-as ... Não mãe. EU sou, eu sou uma boa menina, eu sou, eu sou... Só não te vejo mãe, estás escondida? Mas eu encontro-te vais ver, vais ver. As outras não, as outras são...
Eu sei, eu sei o que são, a massacrar-me, pregando as suas palavras gritadas como pregos, que pregam na minha cabeça com as suas palavras que são... como um martelo, um martelo...
São as vozes, são as vozes dos mortos."
6 comentários:
Embora seja um céptico assumido e um ateu inveterado, achei espantoso, o monólogo de Emily. Como não o conhecia, pensei de imediato no "Exorcismo de Emily Rose" mas, após algumas pesquisas, rápidas e pouco esclarecedoras, fiquei convencido de que na realidade se trata de um escrito de Emily Dickinson...
Por favor, gostaria que me elucidasses...
Agradecendo antecipadamente, desejo-te uma excelente noite.
Um beijo... :-)
intenso
obrigada pela partilha ;)
Estranhamente encantador, pela constante luta... é-me um pouco familiar :)
Bj
Belo...
Sombras , sombras e sombras...
Intenso
Beijo
(*)
Desejava que essas vozes falassem coisas boas! Tenho um desafio para ti no meu cantinho! Se quiseres alinha! Beijo.
Bonito e intenso*
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