Tenho de renascer. Obrigo-me a renascer. Para quê morrer? Cheio de mortos está o mundo. E cheia de mundos estou eu.
Mas hoje só ouço violoncelos. Em alto e em bom , optimo som, digo. Graças a Deus (a Deus não, a nós, aos homens, que eu só acredito na Nossa Senhora dos Agnósticos). O silêncio é emudecedor, mas está estupidamente cheio de som.
E digam lá que não é maravilhoso? Maravilhosamente cheio de som. Não de Ruido. De ruido está o mundo cheio. E de mortos. E cheia de mundos estou eu. E se os tenho, e tenho, então, que seja um mundo de cegos, surdos e mudos mais sensíveis ao que os rodeia que os seres que semi-habitam este mundo. Esses, os meus deficientes, ouvem violoncelos, pianos, harpas, sopranos e baritonos, ouvem baterias e guitarras electricas, saxofones e baixos. Ouvem música. Não ruído.
Na realidade o Silêncio é algo ideal. Não existe. É simplesmente uma idealização.